Aqui vai minha primeira contribuição para o blog.
Com tanta econometria, modelos neoclassicos/neokeynesianos é hora de ver uma abordagem distinta tanto da economia quanto da ciência econômica. Antes de começar, faço a seguinte pergunta para os leitores do Leruaite (uns 2 ou 3 leitores...):
- Você já ouviu falar ou faz ideia do que seja a Escola Austríaca de Economia?
Raramente nos cursos de graduação em economia se fala dessa escola, pior ainda é quando falam sem saber qual é a essência da teoria austríaca. Os princípios fundamentais são os que tornam essa escola única e distinta de todas as outras. Afinal, o que diabos é essa tal de Escola Austríaca? É muito difícil responder essa pergunta em alguns posts, mas vou tentar deixar claro alguns fundamentos teóricos utilizados pela escola austríaca a fim de dar uma certa ideia do que se trata essa escola.
PRA COMEÇAR DO COMEÇO vamos falar um pouco sobre a história da Escola Austríaca e alguns de seus principais autores:
A
Escola Austríaca de Economia surgiu em 1871, quando Carl Menger (1840-1921)
publicou o seu livro Princípios de Economia Política. Foi Menger que criou a famosa teoria do valor utilidade. "[...] o principal mérito deste autor consistiu em ter sabido recolher e
impulsionar uma tradição do pensamento de origem católica e europeia
continental que se pode fazer remontar até ao nascimento do pensamento
filosófico na Grécia e, de forma ainda mais intensa, até à tradição de
pensamento jurídico, filosófico e político da Roma clássica."
Depois
de Carl Menger, foi seu discípulo Eugen von Böhm-Bawerk (1851-1914) que deu
continuidade e um importante impulso teórico na Escola Austríaca. Böhm-Bawerk foi
catedrático de Economia Política em Innsbruck e depois em Viena, chegou a ser
ministro do governo do Império Austro-Húngaro em várias ocasiões. Ele
contribuiu para o aperfeiçoamento e divulgação da teoria subjetivista iniciada
por Menger e expandiu sua aplicação para o campo teórico do capital e do juro.
No seu livro Capital e Juro, onde é
analisada a economia através da teoria subjetiva e dinâmica dos preços, é que
se constroem as raízes da teoria austríaca do capital.
Ludwig
Edler von Mises (1881-1973) foi quem conseguiu aplicar a essência teórica
iniciada por Menger em vários campos teóricos no âmbito da economia e
consolidou a Escola Austríaca no século XX. Mises foi um dos mais brilhantes
alunos de Böhm-Bawerk na Universidade de Viena, juntamente com J.A. Schumpeter. Mises
aplicou melhor que ninguém esta concepção dinâmica do mercado a novas áreas
onde não se havia ainda aplicado o ponto de vista analítico da Escola
Austríaca, impulsionando o seu desenvolvimento no âmbito da teoria monetária,
do crédito e dos ciclos econômicos, desenvolvendo uma refinada teoria da função
empresarial como força coordenadora do mercado e depurando os fundamentos
metodológicos da Escola e a teoria dinâmica como alternativa às concepções
baseadas no equilíbrio."
Friedrich August von Hayek (1899-1992) Prêmio Nobel de
Economia em 1974 por seu trabalho no âmbito da teoria dos ciclos. Hayek
produziu várias obras e de grande influência atualmente nos âmbitos econômicos,
filosóficos e políticos. Hayek e Mises foram os mais importantes economistas da
Escola Austríaca no século XX. Hayek dedicou as primeiras décadas da sua atividade acadêmica
ao estudo dos ciclos, seguindo a linha teórica iniciada por Mises, mas
realizando uma série de contribuições próprias de grande importância, de tal
forma que o principal motivo declarado pela Academia sueca para lhe atribuir o
Prêmio Nobel de 1974 foi precisamente o seu trabalho no âmbito da teoria dos
ciclos, realizado durante os anos trinta do século XX.
A
Escola Austríaca se diferencia em vários aspectos das teorias econômicas
convencionais. Uma das características únicas da teoria austríaca é a “praxeologia”,
entendida como a lógica da ação. Tal nomenclatura foi criada por Mises para
ressaltar a condição de ciência pura da ciência econômica, que mais se
assemelha a lógica aplica do que as ciências naturais empíricas.
O próximo post irá analisar o conceito de Ação Humana.