Este é um post ilustrativo sobre a importância das instituições para o
desenvolvimento econômico. Os gráficos abaixo eu copiei adaptei do novo
livro do Alan Greenspan – o mapa e o território. O que não quer dizer que foi
fácil... Ah, o livro é muito bom! Alan,
meu parceiro, o Leruaite Econômico agradece esse e, antecipadamente, mais
alguns futuros posts.
Cruzamos os dados* do “índice de governança mundial” e da renda per capita dos países latino-americanos. As duas dimensões escolhidas foram “eficácia do governo” – mede a qualidade dos serviços públicos, competência da administração pública, qualidade da formulação das políticas, etc. – e “controle da corrupção” – mede até que ponto o poder público é exercido em benefício privado, inclusive as pequenas e grandes formas de corrupção, além do “aprisionamento” do estado pelas elites e pelos interesses privados. Pois bem, para quem tiver interesse, são seis dimensões de governança no total e os dados do índice se encontram aqui. Os dados do PIB per capita eu puxei da base do Fundo Monetário Internacional (aqui).
Cruzamos os dados* do “índice de governança mundial” e da renda per capita dos países latino-americanos. As duas dimensões escolhidas foram “eficácia do governo” – mede a qualidade dos serviços públicos, competência da administração pública, qualidade da formulação das políticas, etc. – e “controle da corrupção” – mede até que ponto o poder público é exercido em benefício privado, inclusive as pequenas e grandes formas de corrupção, além do “aprisionamento” do estado pelas elites e pelos interesses privados. Pois bem, para quem tiver interesse, são seis dimensões de governança no total e os dados do índice se encontram aqui. Os dados do PIB per capita eu puxei da base do Fundo Monetário Internacional (aqui).
O PIB per capita (US$ int.
corrente, PPC) está em log e, se eu ainda sei alguma coisa de geografia, a
América Latina está em peso no gráfico (Cuba ficou de fora por falta de dados).
Chile e Uruguai mandaram absurdamente bem e são os melhores da América Latina
em termos de controle da corrupção. O Brasil é o quarto melhor (porém, bem distante dos três primeiros
colocados e com um índice negativo). Venezuela e Haiti ficaram quase
empatados na última posição. Em termos de renda per capita, o Brasil ocupa a oitava
posição. Para não deixar passar em branco, o leruaite fez aquela regressão marota (lembre-se que o
número de observações é reduzido e uma análise em corte transversal é bem mais apropriada,
com mais variáveis explicativas). Então,
segundo essa métrica, para o nosso “nível
de corrupção”, deveríamos possuir a renda per capita do Equador!
A Venezuela é um outlier, com uma
alta renda per capita e um baixo controle da corrupção. Retirando a Venezuela
da amostra, o modelo se ajusta melhor – obtemos um R² de 0,41. Prosseguindo com nosso “leruaite
institucional”, agora vamos tentar encontrar uma relação entre a competência dos
governos e o grau de desenvolvimento econômico dos países em questão.
Nenhuma novidade. Um governo competente está fortemente associado a um maior grau de desenvolvimento econômico. Chile, Costa Rica, Uruguai e
México ocupam as quatro primeiras posições em termos de eficácia do governo,
dentre os latino-americanos. O Brasil é o sétimo colocado. Venezuela (novamente
um outlier) e Haiti disputam a última
posição, como no caso do controle de corrupção. O segundo modelo mostra que, dada a “competência” da nossa administração pública, deveríamos possuir uma renda per capita parecida com a da República
Dominicana! Mesmo com um nível de corrupção alto e uma má administração
pública, conseguimos uma renda per capita razoável. Ou, de outra forma,
poderíamos estar em uma situação bem melhor se não fossem esses “detalhes”. A
interpretação é livre no leruaite e você pode comentar à vontade. Em tempo: Chile, Uruguai e Costa Rica
mostram que a boa governança não é somente privilégio dos países desenvolvidos.
*Utilizei os dados de 2012 por
serem os mais recentes e quero deixar claro que não estou me referindo a nenhum
governo de forma específica, já que os
indicadores brasileiros de corrupção e eficácia não apresentaram nenhuma
evolução. Os dados mais antigos são do ano de 1996.
É, meu amigo, então a situação é a seguinte: o Brasil tem um governo ineficaz e corrupto e, mesmo assim, uma renda per capita além da esperada. Por que? E mais, como Uruguai e Chile organizam seus governos para ter tamanha eficiência? Gostaria de um detalhamento acerca das políticas econômicas adotadas por estes. Abraços e excelente trabalho no blog.
ResponderExcluirLuís, obrigado pelo comentário! Seus questionamentos são excelentes. Outras variáveis, além de corrupção e eficiência do governo, podem explicar o nível de renda per capita dos países (educação, inovação tecnológica, equilíbrio macroeconômico, acumulação de capital, etc.). O leruaite, com toda certeza, vai abordar mais sobre o assunto, no futuro. O foco desse post era somente ilustrar a importância do aspecto institucional para a economia. No momento, posso te indicar outro blog que fala muito sobre a América Latina. Aqui (http://rgellery.blogspot.com.br/2013/09/a-historia-de-duas-cidades.html) você vai encontrar uma comparação interessante entre as políticas adotadas por Brasil e Chile. Espero que você volte a comentar!
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