terça-feira, 26 de novembro de 2013

O IBC-Br é uma boa prévia do PIB? (Parte I)

O índice de atividade econômica do Banco Central do Brasil (IBC-Br), também conhecido como “a prévia do PIB”, foi questionado mais fortemente (de acordo com a minha curta memória e, quem sabe, não pela primeira vez) em julho de 2013. Em notícia publicada no jornal Valor Econômico (17/07/2013), Chico Lopes surpreendeu ao afirmar “O PIB cresce 4% ao ano” (aqui). O Brasil havia crescido 0,9% em 2012 e o pessimismo era quase generalizado na metade de 2013. Utilizando médias trimestrais dos dados do IBC (que é divulgado mensalmente), em suas palavras, uma forma mais segura de analisar o movimento do índice, ele antecipou um crescimento de 4% no segundo trimestre de 2013. A partir dessa notícia, o mesmo jornal procurou a opinião de outros economistas (menos otimistas) sobre o assunto e alguns deles afirmaram que o IBC já não era um bom indicador para o PIB. Em matérias que abordam a variação do índice do Banco Central (aqui, por exemplo) são comuns, ultimamente, ressalvas do tipo “Os últimos resultados do IBC-Br, porém, não têm demonstrado proximidade com os dados oficiais do Produto Interno Bruto, divulgados pelo IBGE”. 
É improvável que o PIB do Brasil cresça, em 2013, 4%. Porém, a previsão otimista do Chico Lopes para o segundo trimestre de 2013 (via IBC) foi boa - principalmente levando em conta esse clima de pessimismo em relação ao desempenho da economia brasileira -, já que o PIB cresceu, de fato, 3,3%. Então, até que ponto os valores do IBC se descolaram do PIB, se é que isso realmente aconteceu?

           
O Gráfico acima mostra a variação do PIB real e do IBC-Br (%a.a). Os dados mensais do IBC foram transformados por média em uma base trimestral.  Apenas em dois trimestres (2008T4 e 2012T2) "a prévia do PIB" sugeriu um movimento errado da variação do produto. A correlação linear entre as duas variáveis é 0,98. A aproximação é, realmente, boa. Não deixou de ser boa recentemente, da mesma forma que nunca foi espetacular. O índice do Banco Central continua sendo útil. Sem entrar no mérito dos 4% e do pessimismo com a economia brasileira, o fato é que Chico Lopes tem razão ao afirmar que a medida mensal do IBC tem bastante ruído, medida essa que é amplamente divulgada pela mídia. Em tempo: a previsão do crescimento do PIB, via IBC, para o terceiro trimestre de 2013 é de 2,66%.

Um comentário:

  1. Interessante o post. Tem relação com as aulas que tive recentemente de econometria. Esses índices utilizam, normalmente, variáveis que Granger-causam o PIB, ou seja, eles tentam captar de alguma forma variáveis que tenham alguma precedência temporal com relação ao PIB e possam servir de previsão.

    É claro que vai ter muito ruído. Pode simplesmente as expectativas que levaram à elevação do consumo de energia, dado o investimento, não se realizarem. Mas, de todo modo, ainda prestam papel importante.

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