O índice de atividade econômica do Banco Central do Brasil (IBC-Br), também
conhecido como “a prévia do PIB”, foi questionado mais fortemente (de acordo
com a minha curta memória e, quem sabe, não pela primeira vez) em julho de
2013. Em notícia publicada no jornal Valor Econômico (17/07/2013), Chico Lopes
surpreendeu ao afirmar “O PIB cresce 4% ao ano” (aqui). O Brasil havia crescido 0,9% em 2012 e o
pessimismo era quase generalizado na metade de 2013. Utilizando médias
trimestrais dos dados do IBC (que é divulgado mensalmente), em suas palavras,
uma forma mais segura de analisar o movimento do índice, ele antecipou um
crescimento de 4% no segundo trimestre de 2013. A partir dessa
notícia, o mesmo jornal procurou a opinião de outros economistas (menos otimistas) sobre o assunto e alguns deles afirmaram que o IBC já não era um bom indicador para o PIB. Em matérias que abordam a variação do índice do Banco Central (aqui, por exemplo) são comuns, ultimamente, ressalvas do tipo “Os últimos resultados do IBC-Br,
porém, não têm demonstrado proximidade com os dados oficiais do Produto Interno
Bruto, divulgados pelo IBGE”.
É improvável que o PIB do Brasil cresça, em 2013, 4%.
Porém, a previsão otimista do Chico Lopes para o segundo trimestre de
2013 (via IBC) foi boa - principalmente levando em conta esse clima de pessimismo em
relação ao desempenho da economia brasileira -, já que o PIB cresceu, de fato,
3,3%. Então, até que ponto os valores do IBC se descolaram do PIB, se é
que isso realmente aconteceu?
O Gráfico acima mostra a variação do PIB
real e do IBC-Br (%a.a). Os dados mensais do IBC foram transformados por média
em uma base trimestral. Apenas em dois trimestres (2008T4 e 2012T2)
"a prévia do PIB" sugeriu um movimento errado da variação do produto.
A correlação linear entre as duas variáveis é 0,98. A aproximação é, realmente,
boa. Não deixou de ser boa recentemente, da mesma forma que nunca foi
espetacular. O
índice do Banco Central continua sendo útil. Sem
entrar no mérito dos 4% e do pessimismo com a economia brasileira, o fato é que
Chico Lopes tem razão ao afirmar que a medida mensal do IBC tem bastante ruído,
medida essa que é amplamente divulgada pela mídia. Em tempo: a previsão do
crescimento do PIB, via IBC, para o terceiro trimestre de 2013 é de 2,66%.
Interessante o post. Tem relação com as aulas que tive recentemente de econometria. Esses índices utilizam, normalmente, variáveis que Granger-causam o PIB, ou seja, eles tentam captar de alguma forma variáveis que tenham alguma precedência temporal com relação ao PIB e possam servir de previsão.
ResponderExcluirÉ claro que vai ter muito ruído. Pode simplesmente as expectativas que levaram à elevação do consumo de energia, dado o investimento, não se realizarem. Mas, de todo modo, ainda prestam papel importante.